Friday, April 11, 2008

An Epistemology of Technology

(Uma epistemologia da tecnologia)

Definimos epistemologia como sendo o estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já constituídas.

No texto An Epistemology of Technology, o termo epistemologia se refere ao modo como a mente processa e forma crenças sobre objetos e eventos em nosso meio. Ela deve ser de grande importância para o educador, pois provê reflexões sobre o conhecimento e o aprendizado.

Neste trabalho de HARLOW & JOHNSON há três visões sobre a epistemologia: a visão “naive” (ingênua); a Piagetiana e a Wittgensteiniana.

Harlow & Johnson acreditam que a cultura, através de estórias e narrativas, provê ao aluno um número de significados divididos, compartilhados.

Para esses autores a estória dá coerência e estrutura ao passado; permite ao aluno um processo de organização e de aquisição de significado; facilita a troca de experiências e também provê um formato de comunicação para o próprio aluno e para seus pares.

É proposto aqui que a epistemologia da tecnologia signifique facilitar a “contação” de estórias.

Visões da Epistemologia
Muitas visões são mostradas para que construamos uma base para os argumentos que vão nos ajudar a examinar os efeitos da tecnologia da informação na educação.

a) visão “naive” (ingênua)
A idéia de que formamos nossas noções de mundo diretamente através da absorção dos sentidos e mente é considerada um tanto ingênua.

Popper se refere a esta visão como sendo a “teoria do balde”, ou seja, a realidade é jogada em nossa mente por baldes de estímulos externos. A mente é vista apenas como receptadora do mundo externo. Note que há uma passividade da mente implícita nesta visão. É função do professor levar o aluno em direção à verdade.

A maior diferença da epistemologia ‘naive’ é clara na visão de Platão e Aristóteles, onde a verdade não é sugada por nossas mentes, mas é descoberta por ela, através do pensamento e da investigação. Na visão ‘naive’ o conhecimento é visto como sendo uma coletânea de verdades e a mente é vista metaforicamente como um museu dessas verdades.
Novak & Gowin (1984) apresentam um ponto fraco para a epistemologia ‘naive’, quando citam Dewey que diz que os fatos sozinhos não significam muito (p.117); Os fatos precisam ser interpretados e contextualizados. O que é verdade para um pode não ser para outro.

Outro ponto fraco desta visão é que ela não dá a devida importância à atividade mental em construir o mundo como a pessoa o vê. Como Piaget e Kant demonstram, há mecanismos na mente que afetam a interpretação do mundo.

b) a visão construtivista (Piaget)
Popper e Piaget defendem o construtivismo. O primeiro vê o aluno como uma pessoa que testa, ativamente, seu entendimento de mundo. Para Popper toda observação é uma atividade com um objetivo, porém o resultado desta testagem é provisional e inconclusivo; o máximo que o aluno pode esperar é uma aproximação de como as coisas funcionam.

Visão de Piaget: O autor tem interesse em como o desenvolvimento individual ajuda na construção do conhecimento. Piaget contrapõe seu posicionamento com a da epistemologia naive, dizendo que é uma cópia ao avesso do mundo. Através de observações de crianças e adolescentes de várias idades, ele descobre estruturas da mente que são únicas em certos estágios de desenvolvimento. Essas estruturas mentais interagem com o mundo e permitem ao aluno construir esquemas diferenciados que representam o meio onde vive. A epistemologia naive não permite um desenvolvimento diferenciado tão significativo assim no processamento de mundo do aluno.

Visão de Wittgenstein: Este autor enfatiza o processo de construção do conhecimento, através de diferenças distintas que existem entre adquirir e aprender. Para ele adquirir é um processo que não requer nenhum esforço, enquanto aprender envolve uma intenção explícita de adquirir conhecimento. Como Piaget, Witt vê a aquisição de conhecimento através do fazer e observar.

c) a visão de Bruner: Bruner (1990) diz que para se entender a mente humana tem que se apreciar o papel crítico de estados intencionais (aprender) e os sistemas culturais de interpretação que rodeiam o indivíduo (adquirir). Uma diferença significativa entre Piaget e Bruner é que o primeiro descreve uma epistemologia individualizada mais contida e o segundo reconhece a cultura como uma grande influência no processo de construção dos significados. Para Bruner o aprendizado não é só a criança viver num meio ambiente desordenado, mas sim, fazer parte da sociedade.

Uma visão que enfatiza a importância da narrativa no aprendizado: Para Roger Schank (nome reconhecido na área da inteligência artificial) a estória é um importante e talvez o mais eficiente modo do conhecimento humano e do aprendizado. A estória é a forma que temos de codificar datas da vida diária e fazê-las significativas.

Uma epistemologia que se relaciona à tecnologia da informação: Harlow & Johnson dizem que a tecnologia da informação pode ser acessada epistemologicamente pela capacidade que temos de desenvolver estórias.

De acordo com Ihde (1983) a essência da tecnologia nos permite ver, ordenar e relatar o mundo de uma maneira particular.

Ong (1982) escreve que a tecnologia apropriadamente interiorizada não degrada a vida humana, pelo contrário, ela a melhora.

Popper e Piaget alegam que informação e fato são ingredientes essenciais ao conhecimento, mas não se tornam conhecimento até que sejam encontrados na construção de uma estória.

Para Schank se um fato não se tornar uma estória, então este fato não se torna parte da base de conhecimento do aluno.

Concluindo: Este artigo se encerra com um argumento de que a tecnologia só irá obter sucesso na escola, quando ela puder estimular o aluno a construir estórias relevantes.

REFERÊNCIA:
HARLOW, S.D.;JOHNSON, D. An epistemology of technology. In: Educational Technology Review. Spring/Summer. n.9, p. 15-20,1998.

No comments: